O Pornographo - um blog que não sai do corpo (fund. 2005)
[90] Filoparafilias 1
Como o nome indica, a filoparafilia é a amizade (do grego,
filo) pelas parafilias (do grego
parafilia: atracção por pára-quedistas e outros desvios sexuais).
Uma das parafilias mais curiosas é a atracção pela fotografia médica. A Dona J. - que suspeito bem seja uma lésbica dominadora - quase foi despedida quando descobriram, no computador que lhe está atribuído, uma pasta com 1124 fotos de pénis destroçados pela sífilis, nos seus vários estados e cruzes.
Esse filão de pornographia que dá pelo nome de fluffy Lychees presenteia-nos hoje com uma foto médica extremamente rara:
um caso de deep throat após uma excisão cicatrizada. Como se pode ver, não existem vestígios do clitoris por trás da campânula - e isso já entristecerá as almas mais tenras. Porém, a maldade foi além, e o torcionário fez questão de lhe deixar as amígdalas, denunciando a sua torpe estratégia de produzir uma verdadeira mulher-objecto. Revoltante.
Não me admiraria se agora a expusessem às rajadas de vento da Bretanha, com o único fim de lhe provocar uma amigdalite.
[89] Refónix...!
Pá... andava eu aqui tão entusiasmado com a ideia de fazer um horóscopo de O Pornographo, obedecendo a uma ordem da minha
adorable Justine... e não é que o
Piotr, Esq., começa a debitar
uma coisa à Anarca... daquelas genuínas e imbatíveis... é uma reedição e nota-se... aquilo transporta um ranho ancestral, tipo Constantino que vem de longe, eleva-nos ao sublime indizível do verdadeiro Anarca, o Zaratustra expectorante que reverenciamos... Se o gajo um dia decidir aparecer no mundo dos vivos, cá estarei, qual Renfield, embora indigno, rodeado de
vermine, a anunciar radiante a sua vinda:
The Master is coming!
[88] As revoluções pornographicas (II)
A pergunta que lancei
aqui mereceu a mesma resposta por parte do grande
Animal, um
habitué de O Pornographo, lugar cativo na fila D, lugar 2 (primeira fila com perspectiva olho de peixe sobre o écran), e da
laddy C: Linda Lovelace / Garganta Funda. Sim, essa foi uma das revoluções pornographicas, porque democratizou o XXX. Mas é mais conhecida do que a Francesa (XVIII) e já foi
aqui explorada, por assim dizer, até ao esófago.
Em tempos expliquei que a evolução da pornographia está indissoluvelmente ligada ao desenvolvimento tecnológico, respirando ao ritmo da inovação das possibilidades de
representação. Depois da possibilidade de fixação da cena pornographica em suportes cada vez mais acessíveis e portáteis (impressão), cada vez mais realistas (fotografia e cinema) e susceptíveis de reprodução (ambos os três), a pornographia
profissionalizou-se. Escritores, modelos, actores e actrizes, fotógrafos e realizadores, editores e produtores, assistentes-de-aparamento-da-pintelheira, enfim, toda uma corporação que passou a viver da pornographia.
Como em tudo, isso foi bom e foi mau. A empresarialização trouxe competição e, portanto, criatividade: a representação pornographica das chamadas "parafilias" foi-se tornando cada vez menos rara e surgiram os primeiros filmes com anões. Mas trouxe também a inevitável hamburguerização da arte, levando à multiplicação nauseante do
lixo pornográfico, que só nos altera a respiração no caso de ressonarmos.
No fim dos anos 80, aquilo que podemos chamar de
modelo Gina-Color Climax estava a esgotar-se (apesar do desenvolvimento de certos nichos: isso fica para outra vez). O povo andava triste. Na generalidade dos países, decrescia o tesão pelo aluguer de vídeos que, lentamente, tinha asfixiado os cinemas: claro que o tamanho da imagem importa. Mas era tarde demais: os cinemas já tinham fechado, e as revistas
Gina-like tinham-se tornado em subprodutos.
Não tardava muito para que alguém anunciasse o fim da História. O nosso sobrolho carregava-se e, curiosamente, regressávamos ao Sade, ao Restif, ao Apollinaire, aos anónimos ingleses do séc. XIX, e assim, mas sem grande convicção. Eis senão quando... (
continua)
Etiquetas: Revoluções pornographicas
[86] Ah, Papo-Seco!
Foi com enorme satisfação - e não sem uma ponta de vaidade - que assisti à
consagração internacional do Uma Sandes de Atum no
fluffy Lychees (que irá brevemente ascender à coluna da direita; não confundir com fluffy
leeches).
O prestimoso trabalho do Papo-Seco merecia subsídios, descontos no IRS, e assim. Eu vou fazer a minha parte: lá para Outubro, talvez a 23, envio-lhe
unas cositas más, da minha colecção pessoal. Como diria Pacheco Pereira,
já não será surpresa, mas mantém-se o suspense.
[85] O Horóscopo do Pornographo (TM*)
A adorável Justine deixou, no post anterior e sob a forma de sugestão, uma peça de joalharia horoscópica. Quem sou eu para desapontá-la? Teremos, então, com razoável regularidade, o Horóscopo do Pornographo, que este blog não pode ser só coisas sérias, também tem que proporcionar descontracção. Lançarei um horóscopo original e conseguido através de um método absolutamente exclusivo.
Não será -
hélas! - um horóscopo sexual. Relembro aqui a tese centenária - e, de certo modo, visionária - de Von Schwanz (
Kritik der reinen Pornographie, Hamburg: 1908): o sexo é um conteúdo não essencial da
emissão pornographica (a apropriação da mensagem pelo receptor é outra loiça).
Isso explica muita coisa, como, por exemplo, os ataques libidinosos perpetrados por donas de casa congestionadas, por esse mundo fora, contra milhões de leiteiros e canalizadores inocentes, ou a rentabilidade do comércio de selos e moedas de colecção.
Em suma: teremos Horóscopo.
* TM: Tomai-o e Multiplicai-o
[84] A diferença do Pornographo
Há blogs que nos pregam valentes sustos dizendo que vão acabar - mas, felizmente, voltam. O Pornographo parece que se fina, sem anunciar a morte - mas está sempre aqui, espanejando as cinzas, para mortificação dos justos.
Bom fim de semana, que na segunda-feira teremos algumas novidades. Se não for antes, claro está.
[83] The pervasiveness of pornosophy
Depreendo de alguns comentários que algumas pessoas acham que eu ando aqui a brincar. Ora a pornosofia é uma coisa muito séria e penetra, por assim dizer, as nossas vidas, mesmo quando não há rabos e mamas à vista, expandindo-se até aos seus limites naturais. Se não tentarmos reprimi-la, a
emoção pornographica surge quase diariamente no nosso quotidiano.
Por exemplo: segui o episódio da refinaria de Sines com uma atenção inusitada.
Para o vulgo, foi apenas um jogo de poder, incompetência, ambiente, lóbis, interesses, e assim. A mim, lembrou-me os meus tempos de juventude e umas "férias de estudo" em Edimburgo (todo o pornographo torce o pepino de pequenino), e uma certa casa onde a
Big Beth praticava, com mestria insuperável, o
arousal and denial.
Resultado: agora tenho grandes dificuldades em controlar a respiração quando leio notícias sobre a refinaria de Sines.