O Pornographo - um blog que não sai do corpo (fund. 2005)
[82] Uma questão de honestidade
Cerca de 50% dos viajantes que páram neste blog vêm à procura de uma coisa que não existe aqui. Por isso, afirmo enfaticamente - desenganai-vos: não tenho fotos de Márcia Ferro nua (nem, aliás, da barriga + Shakira).
[81] Publicidade perigosa
Acabo de ver na TV um anúncio assustador sobre um gel que "transforma a celulite em energia". Espero que a Dona O., a velha baleia que está sentada na secretária em frente a mim, não se entusiasme com a coisa. Gosto dela assim, pachorrenta e sonolenta, sempre a encher o colo farto com migalhas de bolachas amanteigadas, passando ligeiramente os dedinhos gordos e dourados pelo entrepernas enquanto tecla os seus intermináveis "chats".
Se ela topava o tal gel, imagino o frenesim. Lá se ia o sossego dela, e o meu.
[80] Reificação das mulheres: mais uma
Assisti há pouco a uma cena aviltante de exploração da mulher como objecto: Herman José entrevistava Bárbara Guimarães, vestida sobriamente, sobre alguma coisa. Perguntas que exigiam respostas. Claro que Bárbara é cerebrada, não é isso que está em causa. Mas fazer-lhe uma entrevista é explorá-la, como seria convidar Agustina para uma passagem de
lingerie.
[79] Opções claras
É sempre preferível uma mulher
com tomates do que uma
com pêlo na venta. (E, seguindo a sábia sugestão de
Solvstäg nos comentários, ambas são preferíveis a uma
com sangue na guelra).
[78] Serviço público: inéditos pornographicos
A minha vasta investigação conduziu-me à descoberta de vários manuscritos inéditos, que revelam muito da alma pornographica portuguesa, precisamente por serem inéditos.
Publico hoje um cantar do séc. XV, rabiscado nas costas de uma
"coõnta de alvenaria da casa de D. geraldes, a saber: (...)", já transposto para português moderno:
Trazeinde-las frescas em seus folhosde rodelas lisas e sem rugas prontas para doces finctas lutas em que se abram arregalados olhos Hu, hu, e o albergue não se alcança alimária velhaca e preguiçosa Trazeinde-las sem mora, às pagãs folgaremos sem cuidar de vinho ou dança praz-me a moça que pretende de aleivosa e a aleivosa que se agacha tal as rãs Hu, hu, o albergue não se alcança e a velhaca da alimária também nãoÉ um tema original na literatura quatrocentista, mas não tanto quanto poderíeis supor(a isso voltaremos). Reparai outrossim na interessante estrutura da rima (a-b-b-a, c-d, e-c-d-e, c-f), que incorpora o mote no todo, terminando com um intrigante verso branco, prenunciador já do Renascimento.
Vêdes? A cultura não custa.
[77] Mon oeil
Quem trabalha, como eu, num ambiente exclusivamente feminino, depara-se frequentemente com a situação agridoce de sentir que está a mais, por entre conversas cifradas e risinhos em código. Hoje, quando cheguei à mesa delas por causa de um inventário, a M. e a L. conversavam com entusiasmo sobre a noite de ontem, e a M. dizia, meia ofegante e corada: "...o importante é que mostre vontade, o tamanho é o que tiver que ser". Viram-me, e logo a L.: "Estávamos aqui a falar sobre o Congresso". Pois. E eu sou Napoleão.