O Pornographo - um blog que não sai do corpo (fund. 2005)
sábado, maio 27
  [82] Uma questão de honestidade
Cerca de 50% dos viajantes que páram neste blog vêm à procura de uma coisa que não existe aqui. Por isso, afirmo enfaticamente - desenganai-vos: não tenho fotos de Márcia Ferro nua (nem, aliás, da barriga + Shakira).
 
terça-feira, maio 23
  [81] Publicidade perigosa
Acabo de ver na TV um anúncio assustador sobre um gel que "transforma a celulite em energia". Espero que a Dona O., a velha baleia que está sentada na secretária em frente a mim, não se entusiasme com a coisa. Gosto dela assim, pachorrenta e sonolenta, sempre a encher o colo farto com migalhas de bolachas amanteigadas, passando ligeiramente os dedinhos gordos e dourados pelo entrepernas enquanto tecla os seus intermináveis "chats".
Se ela topava o tal gel, imagino o frenesim. Lá se ia o sossego dela, e o meu.
 
domingo, maio 21
  [80] Reificação das mulheres: mais uma
Assisti há pouco a uma cena aviltante de exploração da mulher como objecto: Herman José entrevistava Bárbara Guimarães, vestida sobriamente, sobre alguma coisa. Perguntas que exigiam respostas. Claro que Bárbara é cerebrada, não é isso que está em causa. Mas fazer-lhe uma entrevista é explorá-la, como seria convidar Agustina para uma passagem de lingerie.
 
quinta-feira, maio 18
  [79] Opções claras
É sempre preferível uma mulher com tomates do que uma com pêlo na venta. (E, seguindo a sábia sugestão de Solvstäg nos comentários, ambas são preferíveis a uma com sangue na guelra).
 
quarta-feira, maio 10
  [78] Serviço público: inéditos pornographicos
A minha vasta investigação conduziu-me à descoberta de vários manuscritos inéditos, que revelam muito da alma pornographica portuguesa, precisamente por serem inéditos.
Publico hoje um cantar do séc. XV, rabiscado nas costas de uma "coõnta de alvenaria da casa de D. geraldes, a saber: (...)", já transposto para português moderno:

Trazeinde-las frescas em seus folhos
de rodelas lisas e sem rugas
prontas para doces finctas lutas
em que se abram arregalados olhos

Hu, hu, e o albergue não se alcança
alimária velhaca e preguiçosa

Trazeinde-las sem mora, às pagãs
folgaremos sem cuidar de vinho ou dança
praz-me a moça que pretende de aleivosa
e a aleivosa que se agacha tal as rãs

Hu, hu, o albergue não se alcança
e a velhaca da alimária também não

É um tema original na literatura quatrocentista, mas não tanto quanto poderíeis supor(a isso voltaremos). Reparai outrossim na interessante estrutura da rima (a-b-b-a, c-d, e-c-d-e, c-f), que incorpora o mote no todo, terminando com um intrigante verso branco, prenunciador já do Renascimento.
Vêdes? A cultura não custa.
 
segunda-feira, maio 8
  [77] Mon oeil
Quem trabalha, como eu, num ambiente exclusivamente feminino, depara-se frequentemente com a situação agridoce de sentir que está a mais, por entre conversas cifradas e risinhos em código. Hoje, quando cheguei à mesa delas por causa de um inventário, a M. e a L. conversavam com entusiasmo sobre a noite de ontem, e a M. dizia, meia ofegante e corada: "...o importante é que mostre vontade, o tamanho é o que tiver que ser". Viram-me, e logo a L.: "Estávamos aqui a falar sobre o Congresso". Pois. E eu sou Napoleão.
 
  • "Não digais: «Dá três sem a tirar». Dizei: «É um simplório»" (Pierre Louÿs, Manual de Civilidade para Meninas)
  • "«Irei pelos penhascos» - disse ele, saindo da gruta" (Lobsang Rampa, O Eremita)
  • "This time we go sublime" (Frankie Goes to Hollywood)
  • APRESENTAÇÃO
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