O Pornographo - um blog que não sai do corpo (fund. 2005)
quinta-feira, agosto 31
  [110] A função maiêutica de O Pornographo
Não sem ternura, noto que, no último ano, várias blogaranhas se abriram progressivamente às referências pornographicas, editando posts arrojados, voire de verdadeira pornosofia.
Aos recém-nascidos não é dado reconhecer a parteira, e assim é que deve ser. Crescei, pois, em saúde e graça.
 
quinta-feira, agosto 17
  [109] Classificados
A leitura dos classificados é uma fonte de cultura e acrescentamento para quem ultrapassa o preconceito. Três ou quatro vezes por ano encontram-se coisas que nos fazem reflectir. Não? Vai uma aposta? Então vêde o que encontrei hoje:

"Precisa-se de menina que faça broches em ponto ajour. Exigem-se referências".

Talvez seja a ponta do fio que nos levará ao segredo das elevadas tiragens da Las labores de Ana e afins.
 
sábado, agosto 5
  [108] As aventuras do pornographo no país profundo
Como suporeis, o vencimento de um contabilista não é de molde a beber Três Bagos todas as noites. Vai daí, procuro ir buscar, aqui e ali, um pouco da parte que me é devida, raramente prevaricando. Preencho declarações de impostos para deficientes e analfabetos (cobro por peça), presto alguma consultoria pornographica a particulares (o Estado ainda não mostrou interesse, nem através da Cinemateca, nem através dos múltiplos institutos para o livro, a revista, o folheto, etc.) e, ultimamente, vendo ideias em geral.
Foi isso que me levou a meter um dia de baixa e a viajar até às faldas da Serra da Estrela. Tinham-me dito que a freguesia de Vide (concelho de Seia) estava em franco crescimento com o turismo e eu decidi ir lá negociar uma ideia de marketing institucional para atrair ainda mais povo, nacional e estrangeiro.
A proposta era lançar um grande outdoor com uma fotografia do Roberto Benigni vestido de pastor, com um queijo da Serra numa mão e um favo a escorrer mel na outra, tudo encimado por letras garrafais "A Vide é bela!". Ao fundo - aqui já era só uma opção, porque encareceria eventualmente o anúncio - podia estar o Dr. Almeida Santos a sorrir e a acenar ao pessoal. Uma das principais vantagens é que podia ser produzido em todas as línguas latinas, por razões óbvias. Se comprassem a ideia, já tinha pensado em lhes oferecer, de bónus, o texto para a versão inglesa: "Vide is vivid!".
Bem, a coisa não foi para a frente por razões que não interessam, mas que têm muito que ver com ignorância, estreiteza de pensamento, falta de iniciativa, medo de inovar e incapacidade de rasgar o futuro.
De qualquer maneira, lá fui eu para Vide. Achei que convinha ir vestido de forma distinta e simultaneamente ousada. Pus as minhas calças de linho azul-marinho, uns belos sapatos pretos de cerimónia, muito clássicos (pertenceram ao meu tio-avô embaixador) e - esta era a nota arrojada - a minha t-shirt comemorativa dos 75 anos da louça sanitária Valadares. Muito discreta, 100% algodão do Egipto, quase toda branca (em consonância com a louça), só o simbolozinho Valadares que encontrais no local próprio de todos os hotéis e restaurantes conceituados, coroado por uma palma com letras douradas: "75 anos".
O primeiro transporte que utilizei foi um comboio, meio de locomoção que me provoca sempre um doce êxtase, devido à vibração e ao ruído que faz aquela imitação curiosa do Better Things dos Massive Attack (tum-tum-tcht-weunweun-weun-tum-tum-tcht). Ia eu assim absorvido, de olhos semicerrados, quando vejo sentada à minha frente uma matrona silvestre, no Setembro da vida, adormecida e ressonante. Cansada, decerto, dos trabalhos e dos dias da cidade. A saia exageradamente curta para a abundância de tudo o que se sentava no banco, tinha subido bastante. Vittorio de Sica ter-se-ia babado, mas, a mim, a visão daquela donna dormente em tais preparos inspirou-me uma reflexão sobre um dos principais problemas do nosso país e que vem muito a propósito nesta altura: a mata.
É no Verão que toda a gente se lembra da mata. Que está uma desgraça, que ninguém a limpa, que faz começar os fogos, e assim. A gente que tem matas reage de maneiras muito diferentes: quem tem mais vergonha, rapa-a totalmente e orgulha-se de mostrar aos vizinhos o terreno glabro. Outros são pela naturalidade e exibem, desafiadores, matagais imensos onde não entra homem sem pau. Há também a gente manhosa, que limpa só as extremas dos campos, até onde se avista de fora, para "não dar mau aspecto", e deixa o centro cheio de tufos.
A mim quer-me parecer que o problema nunca foi bem compreendido pelas autoridades: a mata pode ser perigosa ou não consoante o local onde cresce e o tipo de vegetação que envolve. Por exemplo: se for nas colinas, é óbvio que se tem de limpar a mata, porque a inclinação dificulta o trabalho dos bombeiros e, com o vento, propaga-se o fogo mais depressa. Já nas pequenas veigas e covas, onde nascem os braços dos rios, é normalmente húmido, pelo que pode ficar uma matinha aparada, desde que aromática (alecrim, rosmaninho, esteva, carqueja, etc.).
Por outro lado, se tiverdes mata nos mamoeiros, não tardeis e limpai-a asinha. Mas se for nas coníferas e nos carvalhos, deixai-a como preferirdes.
 
  • "Não digais: «Dá três sem a tirar». Dizei: «É um simplório»" (Pierre Louÿs, Manual de Civilidade para Meninas)
  • "«Irei pelos penhascos» - disse ele, saindo da gruta" (Lobsang Rampa, O Eremita)
  • "This time we go sublime" (Frankie Goes to Hollywood)
  • APRESENTAÇÃO
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