[174] Pragas modernas: os cuecas culturais
Embora não haja ainda dados oficiais, fonte policial confirmou já o aumento abrupto, nos últimos anos, do assédio e importunação cultural, essa praga moderna que vem minando as bases da sã convivência entre as pessoas dos vários sexos.
A fonte sublinhou como a
internet em geral, e a blogosfera em particular, têm contribuído para o fenómeno: "Trata-se de excelentes caldos para a propagação do exibicionismo cultural, pois privilegiam o contacto breve e superficial que permite apanhar a vítima desprevenida perante referências bizarras e descontextualizadas. E quando a vítima consegue reagir, afirmando, p. ex., 'Cícero nunca escreveu isso!', o cueca cultural já está longe, mostrando lascivamente as relações entre o modo de vida dos Inuit e o gato de Schrödinger".
Mas a importunação cultural também vem ganhando expressão na vida real. Há menos de um mês, foi finalmente detida a "mulher do Jardim Botânico", a que abria a gabardina branca para exibir aos passantes
O Labirinto da Saudade que lhe tapava as partes pudendas, ao mesmo tempo que recitava páginas da correspondência entre Arthur E. Waugh e o seu feitor.
Menos sorte teve a Menina Donzília das Neves, que nos narrou a sua traumatizante experiência: "Convidou-me para ir a casa dele, e já estávamos no sofá, meio enroscados, mão por cima, mão por baixo, quando de repente ele puxa um cordão de seda e a grande cortina de veludo vermelho no fundo da sala cai, revelando as obras completas de Abelardo e Ockham. Peguei na roupa e vesti-me, horrorizada, fugindo para a porta, mas mesmo assim ele tentou citar Musset a propósito!".
Jovem: denuncia os cuecas culturais antes que seja tarde de mais.