[9] Entre dois balancetes tramados, penso: perguntar pelos limites da pornographia é querer saber onde acaba a imaginação humana. Com efeito, desde a Vénus de Willendorf que o Homem (com maiúscula) não tem parado de criar pornographia.
Este post não era bem sobre isto, mas, no escrever-se, surgiu um insight interessante.
Reparem na diversidade das formas como se pode representar a mesma Vénus:
- a perspectiva "de cima para baixo" e a pequena escala do objecto denotando a repressão
austríaca;
- a multiplicidade de ângulos, incluindo um plano de tipo ginecológico, denunciando a curiosidade e a cientificização
americanas;
- o fundo malva e o jogo de luzes de onde dimana a misteriosa e doce sensualidade
russa;
- a pose
salerosa, a 3/4, com os quadris em evidência e um seio apontado à objectiva, do olhar
espanhol;
- a iluminação expressionista, incidindo apenas sobre as partes que interessam, da visão
alemã.
Se existisse, como seria a representação portuguesa? Adivinho: um extenso plano das omoplatas.