[23] Durante muito tempo, atormentou-me um enigma aflitivo (enfim, não me atormentou, é uma maneira de falar, não pensava nele todos os dias; mas inquietou-me o suficiente para me lembrar dele agora, como diria o Grande Cana Rachada).
Os mais velhos lembrar-se-ão do grande entusiasmo (aliás exagerado, um dia falaremos disso) com a pornographia nórdica a partir da década de 70. Ele eram as suecas esculturais, as norueguesas rurais, as dinamarquesas que gostavam de animais, e assim. Mas nunca se ouviu falar de pornographia
finlandesa.
Porquê?
O
mercado de arenque, em Helsínquia, não terá, acaso, potencialidades?
A
expertise fotográfica dos habitantes de Tampere não poderia ser aproveitada?
A história de Welid Mohammed, o etíope que foi viver para Espoo, onde casou com uma finlandesa, e que mata as saudades de casa nas saunas locais, não faz crescer água na boca ao pornographo menos criativo?
Imaginam o que serão as CFFs no
campus universitário de Turku, com 30.000 estudantes e um Inverno de 6-7 meses?
E que dizer da inter-racial cidade de
Vantaa?
E os gelos imensos do Norte, salpicados de
igloos onde dormem grupos todos nús?
E a inexplorada sexualidade dos lapões e das laponas, com seus arpões e suas magníficas peles de foca, perfeita para registos étnicos originais?
E os misteriosos alces?
E...
Alcançais agora a perplexidade que me atazanava.
Só que um dia pensei na desinteressante Suíça, cercada por alguns dos maiores potentados pornographicos europeus (França, Itália e Alemanha), que também nunca gerou produto pornographico assinalável. E percebi: tanto a Finlândia como a Suíça são países neutrais.
Primeira lei d'O Pornographo: a neutralidade é incompatível com o espírito pornographico. Claro.