[37] Diamonds are forever
Estava eu em relativa paz a ler, do médico D. T. Bienville,
La Nymphomanie, ou Traité de la Fureur Utérine (1ª ed. 1771; ed. de 1789 [Londres] disponível
aqui por 150.00 euros; interessante análise crítica
aqui), quando fui sobressaltado por violenta rabanada de vento, que associei de imediato aos tornados e furacões que vêm assolando as costas de tanta gente.
A rara coincidência bastou para que lembrasse, não sem saudade, a voracíssima
Debi Diamond, essa força da natureza - que digo eu? - esse fenómeno
sobrenatural que nos deixou de cabelos em pé no início da década de 90. [N. B.: não confundir a nossa diva com a patética Debbie Diamond, vocalista dos obscuros Januaries, grupo que alguém definiu, apropriadamente, como "Brigitte Bardot meets the Doors". A grandessíssima invejosa alega ter tido o seu nome roubado. Risível].
Quem viu, não poderá esquecer a personificação perfeita da ninfómana insaciável, cujas performances chegavam a - confessemo-lo - atemorizar o macho mais confiante. Californiana, compensava o rosto desinteressante (muito
all american girl) com o gosto pela representação, auxiliada por uma capacidade atlética invejável.
Por cada aparição no écran, sentíamos que a tecnologia era curta e sonhávamos com filmes a três dimensões, mecanismos de vento que simulassem ofegações, telas gigantes que a abarcassem inteira, em todas as posições. Definitivamente, depois de Debi,
secar alguém ganhou outro significado.
Os números são tão alucinantes como ela: 400 filmes originais em 18 anos. Dá mais de 20 filmes por ano, ou seja, quase dois filmes por mês. Fora os ensaios e o tempo para decorar os diálogos.
Em 1998, com apenas 36 anos, aposentou-se, deixando vazio um lugar que não foi preenchido até hoje. Dizem-me que tem uma fundação para as árvores. Deve ser vê-las crescer.