[76] As revoluções pornographicas: post em forma de ?
Este é um post urgente, e só por isso o desanexo da ordem natural que teria no desenvolvimento da minha teoria pornosófica. O mote: a pornographia é uma sucessão de revoluções libertantes, e, como alguém disse a outro propósito, vamo-nos (re)tornando, lentamente, naquilo que somos.
Os antigos sabiam que a pornographia fazia aumentar a esperança de vida, logo a felicidade. Olhavam para as parceiras e parceiros, e que viam? Barrigas cheias de pêlos, bocas desdentadas, hálitos fétidos, rabos rectos, mamilos no lugar de tetas, micro-falos. Era uma vida dura, e o futuro ainda demorava umas eras. Moldavam então, livremente e para a fruição de todos, aquelas estatuetas de barro, de ancas e mamas descomunais, ou erecções antológicas, porque isso lhes dava ânimo para continuar a colher os frutos, caçar os animaizinhos, lavrar os campos, e assim.
Dominada a fome e arredondadas as nádegas, os gregos e os romanos foram os primeiros a compreender - e a celebrar - a pornographia num plano puramente hedonístico. Por razões de todos conhecidas, essa cena esvaiu-se (a chamada decadência do Império Romano), e, na idade média ocidental, a pornographia submergiu, ficando reservada a uma elite cultural que raramente a deixava sair dos mosteiros e conventos.
Muito se fez nas Luzes por ela, sob a influência diferida de Gutenberg, mas continuou a ser desfrutada por um número limitado de indivíduos - basicamente, aqueles que compreendiam o sentido da palavra "basicamente".
A revolução industrial trouxe a captação da imagem real (a fotografia e, depois, o cinema) e pela primeira vez a pornographia adquire um carácter nitidamente inter-classista: representação pornographica a soldo, de onde provém a inacreditavelmente persistente ideia da pornographia como forma de exploração. Adiante. Nesse momento, a representação pornographica continua a circular em meios restritos, salas de espera de bordéis, festas privadas & etc.
Depois da 2ª Guerra a pornographia foi-se democratizando e, a custo, vencendo as leis de proibição. Os fenómenos místicos que entretanto se sucederam, bem como as mensagens dos alienígenas desembarcados em vários pontos do planeta, embora preocupados com a Rússia comunista, nada opuseram expressamente ao desenvolvimento da pornosofia. Pela primeira vez desde as estatuetas mamudas, a plebe pôde aceder à pornographia, comprando bilhete. Pouco tempo depois surgiriam as "revistas de charme", a Playboy, a Weekend-Sex e a Gina. Os filhos da Outra Senhora viam
O Último Tango e confessavam em segredo já ter visto "um filme pornographico". O
Pato com Laranja era projectado na RTP1, originando uma vaga de protestos, grande parte deles suscitados pelo facto de se pensar que "clitoris" era o nome de um submarino nuclear russo.
Mas a mudança realmente
qualitativa viria depois: qual foi?
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