[78] Serviço público: inéditos pornographicos
A minha vasta investigação conduziu-me à descoberta de vários manuscritos inéditos, que revelam muito da alma pornographica portuguesa, precisamente por serem inéditos.
Publico hoje um cantar do séc. XV, rabiscado nas costas de uma
"coõnta de alvenaria da casa de D. geraldes, a saber: (...)", já transposto para português moderno:
Trazeinde-las frescas em seus folhosde rodelas lisas e sem rugas prontas para doces finctas lutas em que se abram arregalados olhos Hu, hu, e o albergue não se alcança alimária velhaca e preguiçosa Trazeinde-las sem mora, às pagãs folgaremos sem cuidar de vinho ou dança praz-me a moça que pretende de aleivosa e a aleivosa que se agacha tal as rãs Hu, hu, o albergue não se alcança e a velhaca da alimária também nãoÉ um tema original na literatura quatrocentista, mas não tanto quanto poderíeis supor(a isso voltaremos). Reparai outrossim na interessante estrutura da rima (a-b-b-a, c-d, e-c-d-e, c-f), que incorpora o mote no todo, terminando com um intrigante verso branco, prenunciador já do Renascimento.
Vêdes? A cultura não custa.