[123] A melhor homenagem
Conversa ouvida, digo, escutada, hoje, nos gabinetes higiénicos femininos lá do escritório:
Dona J. (cerca de 58 anos e 4 meses): "Então o Cesariny lá morreu...?"
Dona B. (entre os 30 e os 60 anos): "Pois foi, coitado, mas também já era tão velhinho...".
Dona J.: "Eu gostava muito dele. Antes nem o conhecia, mas aqui há uns 6 anos, o meu homem andava num alfarrabista à procura de revistas e livros picantes - nota, não é que ele precise, mas a gente diverte-se - e encontrou um livrinho embrulhado num plástico que dizia, escrito à mão: "Virgem Negra". Ele pensou que era com mulatinhas, sabe que eu até nem desgosto e comprou. Vai-se a ver, chega a casa, desembrulha o pacote... e era um livro do Cesariny.
O Virgem Negra. Ficámos um bocado desanimados, mas assim como assim, estávamos já na cama, abriu o livro numa página ao calhas. E começou a ler: "Vem, vulva antiquíssima e idêntica...". Olha, eu achei aquilo uma maneira tão romântica e excitante de me chamar para a coisa.... Fiquei logo encalorada. Agora já é um código: cada vez que quer brincadeira, recita.
Fez-nos muito bem, o Cesariny. Hoje estamos quase bielo-cosidos".