O Pornographo - um blog que não sai do corpo (fund. 2005)
sábado, outubro 6
  [161] Da Pachacha (ensaio semantografonológico)

A semantografonologia é uma ciência que se dedica ao estudo da congruência entre o sentido, a grafia e o som das palavras. O seu objectivo é estabelecer o índice semantografónico de cada vocábulo, que conhece cinco graduações, a saber: nulo, vestigial, marquesmédio, impressionante e brutal.
A ambição de todo o semantografonólogo é identificar e coleccionar, como borboletas perfuradas na esferovite, palavras com índice brutal. No meu top pessoal, de momento, encontra-se badalhoca, por razões que explicarei a pedido. Hoje reflectirei apenas sobre o potencial semantografónico do vocábulo pachacha, adiantando desde já que lhe atribuo um índice brutal.
Preliminarmente, notareis que é unissémico, e isso é muito importante para a nossa ciência. Signos polissémicos angariados no reino animal, como pussy, chatte, minou, pito, parreca, rata ou passarinha, ou no domínio minero-geológico, como cave, greta, caverna, gruta, racha, fenda, grand canyon ou o aliás interessante morcegueiro, não têm a necessária precisão semântica para se proceder ao exame da congruência gráfica e fonética. O mesmo sucede com o saboroso orquídea salmonada.
Entrando na matéria, pachacha é graficamente sugestivo. A insistência no "h", com sua forma de receptáculo carnento (e sua hastezinha de pegar), é muito mais marcante do que o "x" normalmente utilizado para designar o cromossoma feminino, e nem serviria trocá-lo pelo "y", que supõe já a mulher vista numa certa posição (e insinua, até, um cordãozinho de tampão a espreitar). Não por acaso, o "h" é sistematicamente colocado ao lado do "c", letra que possui, de per si, um índice semantografónico impressionante, já como inicial de cu, já pelo seu formato semi-nadegal lateralizado. Além disso, a visualização da repetição "cha-cha" (relevante também como aliteração no plano fonético: vd. infra) sugere um movimento pendular, vai-e-vem, dentro-e-fora, tira-e-mete, numa palavra, lubbilubbing oh my brothers and only droogs.
Pachacha é também prenhe de sugestões fonéticas.
Não designa qualquer vulva, mas apenas as algo gorduchas e majestosas: as que têm chicha e parecem pachás refastelados num cochim. Chucháveis.
Uma pachacha pede, no mínimo, 38º C e camelos por perto, e lembra o ruído de uma cachoeira (ch-ch) onde se pode chapinhar ou mesmo chafurdar. Num registo plebeísta, é o choço onde o chopim descamisa o chouriço. Não se conjuga com pénis, nem pichota, nem piça - pachacha pede picha.
Como podeis ver, pachacha tem um elevado índice semantografónico. Nas poucas relações de cariz sexual que mantive com outras pessoas, só pude presenciar uma verdadeira pachacha, cheirosa de patchuli; cheia de chatos, porém.

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Comments:
Não sei se as próximas horas serão suficientes para retirar a perdigoteira do monitor e pachachentas imagens dos miolos. Bienvenue!
 
aqui se vê que a ciência de ponta não é só acasalar com o MIT!
 
ahahahhaha
 
Papo-seco! que é feito de si, home?
 
podias ter terminado com uma pachacha comestível!
 
Hmmm!! Este post tem um cheirinho ao saudoso "O Meu
Pipi"... Será a mesma pessoa?
AC
 
A expressão pau na marreca entusiasma-me. Será pela polissemia potencial que transporta consigo ou apenas porque posso andar c'os cornos enleados em estudos semióticos de influência baixo-medieval?

Um abraço bestialmente preocupado,
Francisco Nunes
 
mfc: a generalidade das pachachas são "comestíveis", para me exprimir como o meu Amigo. podem é ter - como no caso do texto - "graínhas".
AC: a assimilação de O Pornographo a O Meu Pipi é uma lisonja gentil. de qualquer forma, funcionamos num registo epistemológico diferente. O Meu Pipi era (é?), claramente, um empirista, para não dizer sensualista, na tradição de Espinosa e Hume. O Pornographo filia-se num, digamos, fenomenologismo descontrucionista. Mas a pornosofia tem muitas moradas.
Francisco: "pau na marreca" é um dos mais belos exemplos de sadismo zoófilo. Quem não teve já vontade de açoitar uma pata? Continue, não se prenda. isto na pressuposição de que não se trata de um lapso de escrita (acto falho) e que não quis dizer "mao na parreca", que indiciaria, muito simplesmente, uma vulgar atracção por sexo asiático.
 
Deve ter razão. Não me prendi, mesmo nada, e, vai daí, acabei de açoitar três patas e duas galinholas agorinha mesmo. Sinto os meus xacras (será assim que se escreve?) levitar.

Decidi mais: estabeleci que doravante vou passar a fazê-lo c'a mão esquerda... ou será que esta é uma perversão a ser punida com a obrigação de ouvir em jejum absoluto conselhos sobre a vida em geral durante 3 horas?

Estou apreensivo. Mas beatamente feliz.

Um abraço inflamado,
Francisco Nunes

P.S.: Decidi ainda passar por este blogue mais vezes e, ao que chegou o entusiasmo! linká-lo.
 
Francisco: saúdinha e obrigadinho pelo link.
De qualquer modo, não se deve confundir "mao na parreca" com "mão na parreca", prática também estimável mas não conotada com a revolução cultural. Só no segundo caso é aconselhável parar quando a titular da parreca tiver de usar óculos.
 
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